CEO da categoria, Stefano Domenicali justificou decisão por valores inegociáveis; país recebia corridas desde 2014 e teve etapa de 2022 cancelada após invasão à Ucrânia.
Embora o assunto sobre a Guerra da Ucrânia seja menos recorrente no esporte desde a eclosão do conflito, a F1 não mudou seu posicionamento sobre a Rússia, que invadiu o país vizinho em 24 de fevereiro deste ano. Depois de cancelar o GP da Rússia, que seria em 25 de setembro deste ano, a categoria rescindiu contratos e reafirmou que seus valores impedem um futuro retorno ao calendário.
– Eles nos pagaram quantias insanas, mas há coisas que não são negociáveis. Não vamos mais lidar com eles. Não haverá mais corridas lá – sentencia Stefano Domenicali, presidente da F1.
O conflito que já se estende há seis meses provocou após certa resistência da F1 o cancelamento da etapa, promovida desde 2014 no Circuito de Sochi – dentro do Parque Olímpico da cidade que sediou as Olimpíadas de Inverno no mesmo ano.
Uma série de medidas sucedeu a decisão inicial, como a proibição do uso de símbolos, hinos e bandeiras por pilotos da Rússia e Belarus – atletas dos dois países passaram a utilizar a bandeira da Federação Internacional do Automobilismo (FIA), caso de Alexander Smolyar, da Fórmula 3.
Sebastian Vettel com seu capacete em protesto pedindo o fim da guerra na Ucrânia — Foto: Dan Istitene/F1 via Getty Images
A entidade ainda afastou temporariamente, de sua comissão, representantes das nacionalidades em questão, e vetou a realização de eventos nos territórios.
Em março, a Haas, até então mantida na F1 pelo patrocínio do magnata russo de fertilizantes Dmitry Mazepin, anunciou a saída do piloto Nikita Mazepin, filho do bilionário, e da marca da família, a empresa Uralkali.
No mesmo mês, a F1 rescindiu definitivamente o contrato com o GP da Rússia, inviabilizando ainda a transferência da prova de Sochi para o Circuito de Igora Drive em São Petesburgo, que seria concluída em 2023.
Stefano Domenicali, chefe da Fórmula 1 — Foto: Lars Baron/Getty Images
Permanência polêmica, ausência questionada
Se a F1 não hesitou em encerrar suas atividades na Rússia por razões sociais – devido à guerra -, a categoria se mantém firme no Oriente Médio, correndo há anos no Bahrein e na capital dos Emirados Árabes Unidos, Abu Dhabi. No último ano, foram inclusas provas no Catar e Arábia Saudita, países acusados de mortes e violações aos direitos humanos.
Pilotos discutiram situação do GP da Arábia Saudita após atentados em Jeddah por mais de 4 horas — Foto: Clive Rose – Formula 1/Formula 1 via Getty Images
Enquanto a corrida no Circuito de Losail fará uma pausa em 2022 devido à Copa do Mundo de futebol no Catar, Jeddah já retornou ao calendário na atual temporada, em etapa marcada por ameaças de grupos armados e um atentado a menos de 10 km do circuito durante o GP.
Fumaça de atentado na Arábia Saudita é vista do Circuito de Jeddah — Foto: Intel Omarion
Apesar das críticas do público, entidades de direitos humanos e até pilotos como Sebastian Vettel e Lewis Hamilton, Domenicali defendeu a permanência da F1 no Oriente Médio:
– Queremos usar a força do nosso esporte para impulsionar a mudança. E vemos que algo está acontecendo.
Outro ponto abordado pelo italiano foi a ausência da F1 na Alemanha, que recebeu a categoria de 1951 até 2020 com os GPs da Alemanha, Luxemburgo e Eifel, revezando-se nos últimos anos nos Circuitos de Nurburgring e Hockenheimring.
Pilotos da F1 no GP de Eifel, em Nürburgring — Foto: Bryn Lennon/Getty Images
Domenicali alfinetou os organizadores da corrida alemã que, apesar da intenção da categoria de viabilizar o retorno ao país, não conseguiu trazer a F1 de volta.
– Eles falam, falam, falam, mas no final você precisa de fatos. É um mistério para mim como alguém não consegue construir um negócio em torno de um GP. Uma corrida em Hockenheim ou Nurburgring seria atraente, mas tem valer a pena. Não podemos arcar com todos os custos – explicou.
Domenicali alfinetou os organizadores da corrida alemã que, apesar da intenção da categoria de viabilizar o retorno ao país, não conseguiu trazer a F1 de volta.
– Eles falam, falam, falam, mas no final você precisa de fatos. É um mistério para mim como alguém não consegue construir um negócio em torno de um GP. Uma corrida em Hockenheim ou Nurburgring seria atraente, mas tem valer a pena. Não podemos arcar com todos os custos – explicou.